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 | 26/01/2009 15h27min

Tarso: "Qualquer juiz que examinasse o processo criminal absolveria o Battisti"

Ministro da Justiça disse que sua decisão de conceder refúgio político ao italiano foi autônoma

Atualizada em 26/01/2009 às 16h03min

O ministro da Justiça Tarso Genro disse em entrevista à Rádio Gaúcha que vai respeitar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso Battisti. Tarso declarou que a polêmica que deveria ser jurídica virou política:

— Meu despacho vem amparado em diversas decisões do Supremo Tribunal Federal relacionada com a concessão de asilo e eu dei apenas o refúgio, que é um deferimento condicional.

Questionado se não teria sido mais prudente deixar que o Supremo Tribunal Federal decidisse sobre o caso, o ministro foi enfático:

— Seria uma prudência aliada a covardia e não uma prudência responsável.

Tarso lembrou que o STF já julgou outros casos, inclusive para italianos envolvidos em homicídios, presumidamente, nas chamadas Brigadas Vermelhas.

— Qualquer juiz que examinasse o processo criminal absolveria o Battisti por insuficiência de provas. Naquela oportunidade de violência que ocorreu lá de parte a parte, obviamente eu acho que é plenamente justificável que se pensasse daquela maneira. Mas hoje, qualquer juiz que examine um processo daquele tipo, daquela época, certamente não estará influenciado — declarou.

O ministro disse que a decisão foi autônoma e que o presidente Lula foi apenas comunicado. Tarso também lembrou que Battisti esteve 12 anos na França na condição de refugiado político.

Contraponto

Nabor Bulhões, advogado contratado pela embaixada italiana para trabalhar na extradição de Cesare Battisti, discorda do ministro da Justiça.

— A Corte Europeia de Direitos Humanos julgou, em 2006, a legitimidade das condenações na Itália e a legitimidade da extradição concedida pelas três instâncias francesas. A Corte Europeia de Direitos Humanos não é um tribunal nem da Itália nem da França. É a corte instituída pelos estados europeus para implementar os direitos humanos e não perseguir as pessoas. E a corte europeia disse que Battisti teve amplíssima defesa tanto na Itália, quanto na França. Tanto nos processos que geraram a sua condenação, por crimes de especial gravidade, contra a pessoa, quanto na França, quando a Justiça deferiu a sua extradição. Não há nos autos do processo de refúgio qualquer elemento que autorize se afirmar idoneamente que Cesare Batistti não teve direito a defesa.

Conforme Bulhões, o Supremo Tribunal Federal não julgará o mérito da decisão do ministro Tarso Genro, mas sim, se a decisão de refúgio concedida a Battisti prejudicaria ou não o pedido de extradição:

— O Supremo vai fazer um juízo de verificação dos efeitos da concessão de refúgio sobre o processo da extradição.

Entenda o caso

Battisti está preso preventivamente desde março de 2007 no Presídio da Papuda, em Brasília, para fins de extradição solicitada pelo governo da Itália.

O pedido de extradição se baseia em condenação imposta a Battisti pela Justiça daquele país, por quatro assassinatos, que teriam sido cometidos por ele, entre 1977 e 1979.

No último dia 13, Tarso concedeu refúgio político ao italiano, o que motivou a defesa de Battisti a entrar com pedido de liberdade, e também de extinção do processo no Supremo, com base no artigo 33 do Estatuto do Refugiado, que não permite a extradição de refugiados políticos.

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